DIAGNÓSTICO AUDIOLÓGICO
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boletim CENA- MARÇO
Nas leituras sobre o sistema auditivo nos deparamos com um texto bem interessante que explicava como pode-se compreender o diagnóstico audiológico. Aproveitamos, então, para compartilhar com vocês.
Segundo Kreisman e colaboradores, o diagnóstico auditivo serve para determinar a localização de um problema no sistema auditivo por meio de avaliações audiológicas.
O diagnóstico audiológico poderia ser comparado a uma investigação criminal. Cada procedimento da avaliação auditiva serviria com uma pista que pode determinar um problema no paciente e, portanto, auxiliar no diagnóstico. Todavia, uma pista isolada pode conduzir a um diagnóstico errôneo ou impreciso. Assim, sempre se deve trabalhar com outras evidências, idealmente em uma bateria de diferentes tipos de testes audiológicos.
Por outro lado, o excesso de exames desnecessários assim como a falta de um raciocínio clínico que norteie a requisição destes exames também pode ser prejudicial. Na faculdade, no prefácio do livro de semiologia médica, estava escrito, em negrito e em caixa alta a seguinte frase: “Quem não sabe o que busca, não identifica o que acha” do filósofo prussiano Immanuel Kant. Em poucas e sábias palavras o raciocínio clínico embasado numa boa história clínica norteia o diagnóstico clínico e os exames a serem escolhidos para fornecer as pistas que serão úteis na elucidação do caso.
O primeiro questionamento que pode surgir é: como terei condições de ter todos os equipamentos para fazer uma bateria de testes eficientes? A literatura, no entanto, mostra que não é preciso nada muito sofisticado e que os procedimentos estão disponíveis na grande maioria das clínicas audiológicas. O que realmente importa é a expertise do profissional ao analisar todos os resultados e compreender com exatidão o que cada exame pode diagnosticar e, principalmente, averiguar se todas as “pistas” encontradas se complementam. Na verdade, acreditamos que uma boa escuta faz toda a diferença. Mesmo em momentos de exame, uma pequena “conversa” é fundamental (no mínimo!) e necessária.
Caso fosse possível fazer uma lista dos procedimentos audiológicos fundamentais em um processo diagnóstico, deveriam estar incluídos os seguintes procedimentos:
- Meatoscopia;
- Audiometria tonal liminar por via áerea e via óssea;
- Logoaudiometria no silêncio;
- Logoaudiometria no ruído;
- Timpanometria com pesquisa de reflexos acústicos;
- Emissões otoacústicas.
Talvez possamos dizer que esses são nossos testes básicos, nosso ponta-pé inicial para a avaliação audiológica. Por meio dos testes acima descritos, o profissional poderia averiguar os resultados dos testes individualmente e, posteriormente, verificar se existe uma concordância entre os achados. A comparação dos resultados de dois ou mais testes possibilita um aumento na taxa de acerto no diagnóstico clínico. Além disso, a coerência entre os achados deve existir. Neste ponto, a experiência do profissional “vale ouro”. O olho treinado deve identificar incoerências e saber intervir para confirmar ou refutar o resultado. Por isso a necessidade do estudo diário associado à prática. Todas as áreas precisam disso, mas acreditamos que na nossa área, a Saúde, isso deva ser levado muito, muito a sério.
Os procedimentos acima poderão nortear as condutas seguintes e a necessidade ou não da realização de novos procedimentos diagnósticos mais complexos ou específicos.
Concomitantemente e como citado anteriormente é de extrema importância que o profissional considere a história prévia do paciente bem como que atente às suas queixas e de seus familiares, associando os resultados encontrados com as manifestações clínicas.
Deste modo, assegura-se que o diagnóstico audiológico está sendo bem conduzido, o que possibilitará uma adequada reabilitação, caso exista esta necessidade. Ainda, existindo alteração em qualquer etapa do diagnóstico audiológico, a parceria com o médico otorrinolaringologista é fundamental para avaliação e conduta. Essa é uma tendência mundial, a multidisciplinaridade onde cada um atua dentro da sua expertise em prol do paciente.
Referências Bibliográficas:
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- Porto CC. (2019) Semiologia médica. 8ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1440.
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