MECANISMOS NEURAIS DE LOCALIZAÇÃO SONORA NOS SERES HUMANOS
Hoje, vamos conversar sobre as teorias conflitantes sobre os mecanismos neurais de localização sonora nos seres humanos…
Você sabia que a capacidade de localizar os sons nos ajuda a compreender o mundo ao nosso redor?
Há uma teoria de Jeffress (1948) sobre um modelo neural para a localização sonora que acredita na existência de neurônios extremamente sensíveis à sincronicidade binaural no “input” neural de cada orelha. Assim, os neurônios teriam a função de detectar as diferenças de tempo entre as orelhas e, assim, identificar em qual direção o estímulo foi eliciado.
Deste modo, o nosso cérebro seria capaz de calcular a direção do som comparando o tempo que o som leva para atingir a orelha direita relacionando com o tempo que o som leva para atingir a orelha esquerda, o que seria nomeado como diferença de tempo interaural.
Na teoria da diferença hemisférica preconiza-se que a localização sonora entre as orelhas pode ser influenciada pelo “loudness” (volume) dos sons. Assim, sons mais fracos (mais suaves) teriam uma localização menos precisa quando comparado as respostas aos sons mais altos (mais intensos). Entretanto, a estimulação constante poderia preparar e fazer com que o sistema nervoso auditivo central seja apto a localizar estes estímulos com maior precisão. Portanto, o nosso cérebro poderia ser treinado para localizar melhor e em um menor espaço de tempo mesmo os sons de volume baixo.
Nestas duas teorias há uma discrepância sobre o efeito do volume na predição da localização sonora. No modelo de Jefress o volume do som não afeta a habilidade de localização sonora, ao passo que, no modelo denominado de diferença hemisférica o volume do som poderia originar interpretações errôneas pelo ouvinte.
Os estudos mostram que ainda temos muito que aprender sobre o processo de localização sonora, assim como, compreender quais as estruturas auditivas estão envolvidas neste processo. Até o presente momento, acredita-se no envolvimento do complexo olivar superior e medial bem como do colículo inferior.
Referências
Day ML, Semple MN. 2011. Frequency-dependent interaural delays in the medial superior olive: implications for interaural cochlear delays. Journal of Neurophysiology 106:1985–1999. DOI: https://doi.org/10.1152/jn.00131. 2011.
Dietz M, Bernstein LR, Trahiotis C, Ewert SD, Hohmann V. 2013. The effect of overall level on sensitivity to interaural differences of time and level at high frequencies. The Journal of the Acoustical Society of America 134:494–502. DOI: https://doi.org/10.1121/1.4807827, PMID: 23862824.
Goldberg JM, Brown PB. 1968. Functional organization of the dog superior olivary complex: an anatomical and electrophysiological study. Journal of Neurophysiology 31:639–656. DOI: https://doi.org/10.1152/jn.1968.31.4. 639, PMID: 5709877.
Groh JM, Kelly KA, Underhill AM. 2003. A monotonic code for sound azimuth in primate inferior colliculus. Journal of Cognitive Neuroscience 15:1217–1231. DOI: https://doi.org/10.1162/089892903322598166, PMID: 14709238.
Jeffress LA. 1948. A place theory of sound localization. Journal of Comparative and Physiological Psychology 41: 35–39. DOI: https://doi.org/10.1037/h0061495, PMID: 18904764.
Salminen NH, Tiitinen H, Yrttiaho S, May PJC. 2010. The neural code for interaural time difference in human auditory cortex. The Journal of the Acoustical Society of America 127:EL60–EL65. DOI: https://doi.org/10. 1121/1.3290744